segunda-feira, 31 de maio de 2010

Lost acabou. E agora?

CUIDADO! PODE CONTER SPOILERS!!!!!!
Em primeiro lugar já deixo claro que faço parte do time dos que gostou do encerramento da série. Como já li (e me estressei, até :P) de tudo na internet sobre o final de Lost e como já tive tempo de ajeitar as coisas na cachola, aí vai:
Desde que comecei a me interessar mais firmemente por Lost - ou seja, a catar respostas na Internet, a rever os episódios, ler livros, fóruns, etc. - ouço falar que o que importava em Lost eram os personagens. Destino versus livre arbítrio? Fé versus ciência? Segundo os especialistas em Lost era disso que se tratava a série. Mais o que é a aquela fumaça preta? E essa ilha onde coisas malucas acontecem? Isso ficava em segundo plano, segundo eles. O que importava eram as pessoas, com seus erros, desacertos, fraquezas, em suma, humanidade. Lost, para os entendidos, era uma série sobre pessoas.
Para mim, mais do que uma série sobre pessoas, Lost foi uma série para pensar. E, mais do que isso, para refletir. Quero dizer que por mais que a gente quebrasse a cabeça inventando/pesquisando teorias, os melhores momentos da série eram quando sentíamos a dor dos personagens, suas angústias, dúvidas. Agora, depois do final, faz mais sentido quando ouço/leio que Lost era uma série sobre pessoas.
E Lost era uma série tão instigante, tão criativa - e viajandona - que, obviamente, não faz sentido que tenha um final fechado, com todas respostas dadas. Pode ser que nunca saibamos o nome do Homem de Preto, quem fez o círculo de cinzas na tal cabana e o que representava essa cabana ou de onde saiu o avião que trouxe mantimentos ou quem atirou flechas de fogo nos sobreviventes. Mas sabe o que é melhor do que ter respostas na ponta da língua pra isso? Confabular sobre. Pensar, teorizar. Lost acabou e as dúvidas, não. Quer algo mais humano que a inquietude? É a dúvida que nos move, a incerteza do amanhã, a fome de saber, descobrir. E Lost foi humana em não responder todos nossos questionamentos.
E quanto ao final em si, o episódio The End, posso dizer que fiquei muito surpreso. Mas não posso dizer que foi incoerente. Hurley falava com os mortos, Miles conversa com eles perante suas covas, os sussurros era vozes de mortos que não conseguiram se desprender. Haviam muitas dicas que indicavam para uma vida - ou um estado - pós-morte na série. Eu é que nunca tinha parado para pensar nessa possibilidade. E se Lost era uma série sobre a condição humana, nada melhor do que abordar a questão que inquieta a maioria do seres humanos: há algo além da morte?
Portanto, para mim, Lost foi uma série sensacional que conseguiu mesclar entretenimento e reflexão com a mesma energia. Não me arrependo de ter passado tanto tempo nas Lostpedias da vida, nem da expectativa pelo episódio, pela legenda, da discussão ferrenha - e engraçada - em madrugadas de MSN. Lost foi além da linha do mero entretenimento. Lost fez, faz, e sempre fará parte da minha vida.
Agora resta rever Lost com o conhecimento adquirido, tentar outras séries e, principalmente, torcer para que nasça outra Lost.