quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Shit My Dad Says


Spoilers mínimos abaixo. Você descobriria muito mais em uma chamada na TV.


Justin Halpern morou durante um tempo em Los Angeles, onde tentou a carreira de escritor em Hollywood. Sem sucesso, teve que voltar para a casa de seu pai, em San Diego. Retornando ao lar, Justin percebeu que estava privando a humanidade das frases construtivas e politicamente corretas de seu pai e resolveu criar um perfil no twitter para compartilhar toda a sabedoria de Sam Halpern. Depois de ganhar retweets de pessoas famosas, o perfil explodiu em popularidade e hoje tem quase dois milhões de seguidores. Halpern fez uma parceria com um amigo de longa data e publicou um livro relacionado ao perfil, que logo alcançou uma posição entre os 10 mais vendidos dos Estados Unidos.

A CBS adquiriu os direitos para fazer a série, que conta com Justin Halpern como co-roteirista e co-produtor executivo. Tanto o livro quanto o twitter chamam-se Shit My Dad Says, mas a emissora optou por batizar a série como $#*! My Dad Says (pronuncia-se Bleep My Dad Says, mas eu uso o Shit mesmo!), usando o disfarce para o palavrão, a fim de respeitar as regulamentações sobre a ausência de palavrões no horário nobre. Vale lembrar que a série vai ao ar as 20:30 no horário da Costa Leste dos Estados Unidos e as 19:30 na Costa Oeste.

Como a série não poderia viver somente das citações do pai de Halpern, SMDS usou a base do pai reclamão e adicionou diversos elementos, principalmente no que diz respeito ao restante da família, com o surgimento do irmão mais velho, Vince (Will Sasso), a sua esposa, Bonnie (Nicole Sullivan) e o empregado doméstico, Tim (Tim Bagley). Ed, o pai, é um veterano do Vietnã, teimoso como uma mula. Sendo o ex-militar clichê, ele tem dificuldades para expressar seus sentimentos e, é claro, é uma metralhadora de frases politicamente incorretas, grosseiras e insensíveis. Se isso não lembra o avô de ninguém, certamente deve lembrar o avô de algum amigo. Na série, o filho mais novo é um jornalista chamado Henry. O irmão mais velho e a esposa trabalham no ramo imobiliário.

A série começa com Henry voltando para casa depois de ficar desempregado. O retorno é a sua última opção, porque ele tem sérios problemas com o seu pai, que sempre foi distante e rígido durante a sua infância e adolescência. Por isso, essa passagem deveria ser muito rápida. Com a situação complicada da economia estadunidense, ele não vê outra opção a não ser continuar morando com seu pai enquanto busca emprego. Inicialmente, os dois discutiam bastante, ainda como um reflexo daqueles anos terríveis do passado, mas ao longo dos episódios, Ed cede em algumas situações e a convivência passa a ser tolerável e, quem sabe, até desejável. Agora vamos lá: quantas vezes vocês já viram uma história muito parecida com essa em outras séries ou filmes? 100?

Até aqui, deve parecer que eu não gosto da série, mas é justamente o contrário: eu gosto! A série é uma colcha de retalhos de histórias já contadas, mas funciona. O pior é que eu não consigo dizer com certeza o motivo.

Eu conheci o @shitmydadsays quando começaram a especular sobre a criação da série. O perfil em si não é genial, embora possa render umas boas risadas, mas o que me deu esperanças foi a contratação de William Shatner para o papel do pai. Ele é incrivelmente carismático e corresponde totalmente ao que se esperaria dele nesse papel, sendo somente limitado pela criatividade dos roteiristas. Ele tem a mesma idade de Leonard Nimoy, mas está inteiro, nem parecendo ter 79 anos, ao contrário do Spock, que como visto em Fringe, mal consegue falar. Até um tempo atrás, eu diria que o eterno Capitão Kirk carregava a série nas costas, mas recentemente comecei a gostar bastante do Vince, sendo um segundo lugar próximo. Vince é alto, gordo e, quando está sério, convenceria qualquer um que trabalha de segurança em uma boate, mas é na verdade um cara legal e muito sensível, o que não é exatamente algo novo, mas funciona muito bem. Will Sasso fez um papel menor em Two and a Half Men no ano passado e teve uma aparição genial em How I Met Your Mother em 2008, no episódio The Fight. Não vou comentar os detalhes, mas The Fight é fantástico. Henry, Bonnie e Tim estão ali basicamente para completar o elenco. Jonathan Sadowski tem os seus momentos, mas não consigo tirar da minha cabeça que Josh Radnor seria um Henry mil vezes melhor. Tim Bagley não aparece com muita freqüência, mas costuma ser engraçado. Já a Nicole Sullivan é totalmente descartável e qualquer atriz poderia fazer o que ela faz. Me parece uma contratação bastante preguiçosa por parte dos responsáveis pela série.

A série tem um piloto bem fraco, o que quase me fez desistir. O segundo episódio é bastante decepcionante e achei que seria mais uma entre os fracassadas do ano. No entanto, o final do segundo episódio é bom e a partir daí a série começa a melhorar. É preciso ter fé. Mesmo melhorando, SMDS ainda não atingiu o nível das séries top, e nem acho que conseguirá, mas ao menos para mim, vale a pena assistir.

Shit My Dad Says é exibida nas quintas-feiras depois de Big Bang Theory, no mesmo slot de horário de 30 Rock e tem quase o dobro da audiência da série da NBC, o que faz muita gente enlouquecer se perguntando como uma série tão “inferior” consegue números tão superiores aos da série de Alec Baldwin e Tina Fey. Com Big Bang, a segunda maior comédia do país, abrindo o bloco de comédias, não é de surpreender que SMDS tenha sido aceita facilmente pela audiência estadunidense.

3 comentários:

  1. A série dá pro gasto como passatempo. Mas nunca serão um TBBT, um HIMYM. Se não fosse o William Shatner eu nem teria perdido meu tempo.

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  2. Bom do jeito que TBBT anda, eu tenho preferido ver SMDS. Sinceramente.

    A série melhorou desde o piloto, mas não vejo como avançar além do ponto em que está. Continuando assim pra mim está ok.

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  3. Pois é, TBBT caiu bastante. Mas tem potencial pra melhorar. Já SDS tem que se esforçar pra manter um bom nível.

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