quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Mr. Sunshine



Na vida depois de Friends somente Jennifer Aniston alcançou um considerável grau de sucesso, tendo participado em muitos filmes, principalmente nos últimos anos. Lisa Kudrow e David Schwimmer falharam epicamente. Imagino que para quem ganhou 18 milhões de dólares só na última temporada de sua antiga série, dinheiro não seja mais problema, então se lançar em projetos de sucesso duvidoso, mais pela satisfação do que pelo retorno, parece aceitável. Courteney Cox aparentemente conseguiu unir satisfação e dinheiro ao retornar para a TV em sua Cougar Town, como já vimos por aqui. Seguindo a onda de retornos, este ano temos Episodes, de Matt LeBlanc, e Mr. Sunshine, de Matthew Perry, que será o foco do post.

Ben Donovan (Perry) é o manager de uma arena multiuso localizada em San Diego, chamada Sunshine Center. Ele é mais um estadunidense que, ao chegar aos 40 anos, entra em crise ao perceber que o seu modo de vida baseado no isolamento emocional deixa de fazer sentido. Sunshine Center parecer ser um daqueles locais com uma forte atração de pessoas com desequilíbrios mentais. Ben é colega de Alonzo (James Lesure), o cara que sempre consegue ver o lado positivo da vida e de Alice (Andrea Anders), uma linda e independente thirtysomething, que trabalha no departamento de marketing. A dona da arena é uma ricaça totalmente sem noção, pesadelo de Relações Públicas, usuária de substâncias ilegais, que usa a caridade para sentir-se bem consigo mesma e, para fechar com chave de ouro, possui tendências quase que racistas. Allison Janney (a Mãe, de Lost) é Crystal Cohen, a chefe de Ben. Roman (Nate Torrence), uma negação completa, é seu filho e é dever de Ben arrumar algo para ele em Sunshine.

A qualidade da atuação na série precisa ser destacada. Ben Donovan, como seria de se esperar, possui semelhanças com Chandler Bing. A tentativa anterior de Perry, Studio 60 on the Sunset Strip, não decolou, o que pode ter levado o ator a aceitar a associação eterna de Bing ao seu rosto. A grande diferença é que Donovan é mais contido que Bing, então aqueles ataques e gestos exagerados se foram, sobrando suas outras características, como a covardice e as respostas sempre na ponta da língua, por exemplo. Para mim que não a conhecia antes de Lost, a grande surpresa foi a atuação de Janney. A atriz praticamente rouba a cena com a sua atuação impecável. Jorge Garcia faz uma participação especial no piloto. O personagem me agradou e é uma pena que ele não seja um dos personagens regulares da série. Garcia está escalado para Alcatraz, a nova série de JJ Abrams. Para ser justo, todos os atores, embora em sua maioria quase desconhecidos, atuam muito bem.

Embora seja uma série de comédia, Sunshine não é absurdamente engraçada. É, sim, divertida e até proporciona boas risadas, mas acredito que quem buscar nela uma metralhadora de risadas, aquela fuga de um dia estressante ficará bastante decepcionado. O segredo é esquecer a sombra que Friends lança sobre a série e procurar nela somente uma opção agradável para se passar 20 e poucos minutos. O formato difere daquele adotado pelas sitcoms, que normalmente possuem três ou quatro ambientes onde se passam quase 90% do tempo, e usa toda a arena como cenário possível. A dinâmica da série, com Donovan sendo o manager de estabelecimento de grandes dimensões, praticamente impossibilita a fórmula de sitcom e seus cenários estáticos. A ausência da trilha de risadas também foge do formato clássico das séries de comédia, o que aproxima Sunshine de séries de comédia mais modernas (na falta de uma palavra melhor), como é o caso da colega de emissora Modern Family e das comédias da NBC, como The Office, 30 Rock e Community.

Perry é co-criador da série e também participou da elaboração do roteiro do piloto. Mr. Sunshine é exibida pela ABC e é um midseason replacement, uma espécie de tapa-buraco ou experiência, que geralmente são exibidos quando uma série entra em hiato ou é prematuramente cancelada. Aparentemente, Cougar Town está em hiato e Sunshine está ocupando o seu timeslot, que é logo na seqüência de Modern Family, fato que assegurou uma estréia sólida em termos de audiência. Infelizmente, não tenho certeza de quantos episódios serão exibidos nessa primeira temporada, mas o IMDB indica a possível existência de 12, que é quase o número exato de semanas que Cougar Town ficará fora do ar. Para encerrar, deixo registrada aqui a minha torcida para que os próximos episódios igualem ou superem a qualidade do piloto e que essa série faça sucesso.

6 comentários:

  1. Chandler Bing rules. Boto fé nessa série, pelo que li a respeito. É o tipo de série que eu gosto, nada muito pastelão, mas com um humor sutil. Andei lendo sobre a outra série do Mathew Perry e também era bastante elogiada, apesar de não ter vingado. Ou seja, o cara tem talento e carisma, só falta a audiência ajudar. Episodes, eu vi o piloto e também gostei, é bom que cheguem novas séries de comédia porque, pelo jeito que vai, TBBT e TAAHM não terão vida muito longa...

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  2. Eu acredito no contrário: TBBT e TAAHM terão vida longa, o que é pior, no estado em que se encontram.

    O Felipe assistiu essa Studio 60 e disse que é tri boa. Pretendo assistir mais pra frente!

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  3. Studio 60 é das melhores séries que já vi. Bom mesmo.

    E não tem nada a ver com Jericho, mas acho que tem algo em comum na causa do cancelamento de ambas.

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  4. algo em comum, tipo, o público (médio) americano cagar pra série? flashforward também não merecia ser cancelada, pushing daisies também não (tá certo que se perdeu depois do cancelamento). vai entender o que faz esses americanos assistirem...

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  5. Não é bem o ponto sobre o público cagar para as séries, mas as coisas que falam nelas.

    Algumas verdades não podem ser ditas.

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  6. huummm
    é, tem isso, mas acho que não é tanto assim da parte das produtoras. acho que os americanos mesmo que não querem ouvir as tais verdades.

    falando nisso, olha a abertura que o banksy fez para os simpsons (que eu falei aquele dia no shopping):
    http://www.youtube.com/watch?v=DX1iplQQJTo

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